Quando eu ODEIO ter razão

Antigo aluno da Escola de Fitares colaborava em projectos de integração

Rapaz considerado “exemplar” pela comunidade escolar morre esfaqueado nas Mercês

19.10.2011 - 14:13 Por Romana Borja-Santos



João (nome fictício), 19 anos, podia ter enveredado pelo caminho errado. Mas conseguiu fazer as escolhas certas. Era considerado um “exemplo de força, determinação e solidariedade” para a Escola Básica de Fitares, no concelho de Sintra. Ontem morreu, na sequência de um esfaqueamento na zona das Mercês.



O aluno de 19 anos aguardava a entrada num curso profissional (Foto: Raquel Esperança/arquivo)

A notícia, que acordou esta manhã esta comunidade escolar, deixou a directora “consternada”. Por João. Mas também pela mensagem errada que pode passar para os outros alunos, quando se rouba a vida a alguém que se esforçou para ser diferente. “Era o DJ nas festas na escola, animador de rádio, era um exemplo, era tudo”, recorda a directora, Cristina Frazão.

Contactada pelo PÚBLICO, a Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou a morte do jovem, após um esfaqueamento levado a cabo por três indivíduos e que ocorreu ontem às 22h50 na Rua Dr. João de Barros, nas Mercês. A mesma fonte explicou que o óbito da vítima foi já declarado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, mas escusou-se a avançar pormenores sobre as circunstâncias do incidente ou sobre a eventual detenção dos suspeitos – justificando que o caso foi entregue à Polícia Judiciária (PJ), encontrando-se em segredo de justiça.

Na versão da escola, tudo se passou por causa de um boné. Cristina Frazão ressalva que ainda não sabem todos os pormenores, mas consta que João terá tentado impedir um roubo de um boné a um outro jovem. Mais tarde foi interceptado pelo suposto grupo de assaltantes, acabando por ser esfaqueado com uma arma branca. “Ajudar estava na sua personalidade. Quem o conhece sabe que não é uma vítima de mais uma rixa”, garante Cristina Frazão.

A Escola Básica de Fitares, onde João concluiu no último ano lectivo o 9.º ano, com um Curso de Educação e Formação em Práticas Administrativas, encontra-se inserida numa zona carenciada e com vários problemas sociais e económicos. Foi para tentar ultrapassar este contexto que a escola se candidatou ao programa Escolhas, um programa de âmbito nacional, criado em 2001, tutelado pela Presidência do Conselho de Ministros e fundido no Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural.

O programa, que visa promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, particularmente dos descendentes de imigrantes e minorias, tem como objectivo a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social. Foi com este propósito em mente que a escola se candidatou há dois anos a este programa com o projecto “Orienta.Te”, que conta com um site que justifica que a ideia “surgiu da necessidade de se ultrapassarem alguns problemas emergentes na área geográfica da Rinchoa e Fitares, uma vez que se encontrava sem qualquer intervenção a nível social e comunitário”.

“A intervenção do Orienta.Te visa a integração escolar, social, cultural e profissional dos jovens pelo reforço das suas competências com vista à promoção de uma maior participação cívica e comunitária, reforçando o espírito de cidadania activa e os laços de pertença à comunidade local. No Orienta.Te as crianças e os jovens podem participar num leque variado de actividades que lhes proporcionam a aquisição de competências pessoais e sociais através de uma aprendizagem informal e criativa”, concretiza o site.

João, o mediador do projecto Orienta.Te

João era precisamente o mediador do projecto Orienta.Te na sua escola. Apesar de já ter concluído o 9.º ano e de ter, por isso, deixado oficialmente a Escola de Fitares, continuava a colaborar de perto, enquanto aguardava notícias sobre uma possível admissão numa escola profissional para prosseguir o seu sonho: fazer um curso na área de multimédia e eventos. “Apesar da idade com que concluiu o 9.º ano não era um miúdo com muitas retenções ["chumbos"]. Veio da Guiné e por isso começou a escola tardiamente mas foi sendo bem-sucedido. Era muito empenhado, organizado e motivava muito os mais novos. Era o exemplo de que quando conseguimos criar auto-estima nestes alunos eles respondem. Preocupa-me muito a mensagem que uma situação destas pode passar e que os alunos deixem de lutar por uma vida diferente”, reforçou Cristina Frazão.

Também Sónia Fernandes, psicóloga da escola e coordenadora do projecto Orienta.Te, conta que o aluno tinha “um projecto de vida bem estruturado” e que “funcionava como um mediador entre professores e alunos”. Era uma ponte. “Mesmo quando fora da escola detectava algum caso de risco vinha ter connosco a pedir para ajudarmos os colegas. Era um verdadeiro amigo, um amigo mesmo. Era tranquilo mas muito conhecido e divertido. Sempre que tínhamos uma ideia telefonávamos-lhe e lá vinha ele. Ajudava-nos com os mais novos nas colónias de férias. Era muito disponível e agora estava a preparar connosco a nossa festa de Halloween”, recorda a psicóloga.João vivia apenas com a mãe e com um irmão mais novo, pelo que fazia as vezes de pai, adianta Cristina Frazão. “A mãe trabalhava muitas horas e ele era como um pai para o irmão. Acompanhava os estudos, cozinhava em casa e vinha muitas vezes à escola buscar o irmão. Era a referência deste irmão e de muitos dos nossos alunos, que estão inconsoláveis. Não queremos que deixem de acreditar que apesar de tudo vale a pena lutar para serem no futuro um João.”



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É o resultado de uma política de Ensino romântica, que mete a cabeça na areia, no pressuposto de que a culpa da violência juvenil é da Sociedade e que por isso há que branqueá-la, não a deixando passar para as estatísticas.

Quais são os directores que gostam de apresentar maus resultados, seja em aproveitamento seja em comportamento dos alunos? Enquanto isso, vai-se perpetuando a mentira de que os alunos aprendem e que não há violência nas escolas.

Nas nossas escolas estão juntos alunos normais com os mais absolutos e completos marginais, que lá vão para a família receber uns subsídios e estar dentro de uma certa legalidade que muitas vezes encobre coisas menos claras.

Nas nossas escolas há alunos que gostavam de estar a trabalhar ou a aprender uma profissão e que são obrigados a estar ali, em delirantes "projectos", paridos pelas abençoadas sociologias da educação.

Os alunos que se comportam mal devem ser punidos Mais vale um castigo logo que se portam mal do que mais tarde assassinarem alguém.

Os alunos que querem e têm capacidade para prosseguir estudos devem ser encaminhados para essa via, como outros para cursos profissionais e outros para oficios sem grande exigência de qualificações.

É toda esta cultura de impunidade e desnorte que começa na escola que dá agora os seus frutos. Já tinha dado muitos, aliás. Há escolas onde só já há cursos de faz de conta, onde as aulas são apenas gritos e uivos, e onde os professores e funcionários estão sujeitos à lei da rolha.

É o resultado de uma política de Ensino romântica, que mete a cabeça na areia, no pressuposto de que a culpa da violência juvenil é da Sociedade e que por isso há que branqueá-la, não a deixando passar para as estatísticas.

Quais são os directores que gostam de aprsentar maus resultados, seja em aproveitamento seja em comportamento dos alunos? Enquanto isso, vai-se perpetuando a mentira de que os alunos aprendem e que não há violência nas escolas.

Nas nossas escolas estão juntos alunos normais com os mais abolutos e completos marginais, que lá vão para a família receber uns subsídios e estar dentro de uma certa legalidade que muitas vezes encobre coisas menos claras.

Nas nossas escolas há alunos que gostavam de estar a trabalhar ou a aprender uma profissão e que são obrigados aestar ali, em delirantes "projectos", paridos pelas abençoadas sociologias da educação.

Os alunos que se comportam mal devem ser punidos Mais vale um castigo logo que se portam mal do que mais tarde assasinarem alguém.

Os alunos que querem e têm capacidade para prosseguir estudos devem ser encaminhados para essa via, como outros para cursos profissionais e outros para oficios sem grande exigência de qualificações.

É toda esta cultra de impunidade e desnorte que começa na escola que dá agora os eus frutos. Já tinha dado muitos, aliás. Há escolas onde só já há cursos de faz de conta, e onde as aulas são apenas gritos e uivos, e onde os professores e funcionários estão sujeitos à lei da rolha.


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