Se isto não é o Fascismo...







Os dias continuam conturbados pelos lados de Sintra. Ontem, dia dia 9 de Junho, passados quatro meses após o suicídio do colega Luís, o Sr. Director Regional presidiu a uma reunião do Conselho Pedagógico, que se realizou, a seu pedido, em simultâneo com o Conselho Geral e a Direcção. O objectivo era apresentar as recomendações do inquiridor, após conclusão do inquérito. Depois de ter referido que não havia matéria para procedimentos disciplinares, apesar de Portugal inteiro saber que não foi cumprida a lei, conforme documentos que vieram a público, solicitados à própria IGE, no âmbito de um processo inspectivo, realizado ainda durante os tempos conturbados que o Luís viveu naquela escola, o Sr. Director Regional comprovou que o inquérito terminou, conforme começara – nada a apontar à magnífica direcção. Rapidamente os ânimos aqueceram e aquela assembleia transformou-se, num Auto de Fé, presidido pelo responsável máximo da DRELVT: havia que apurar os responsáveis pela difamação da escola nos órgãos de comunicação social e nos blogues, nomeadamente no Umbigo. Foi referido, inclusivamente pela directora, que o seu autor, mesmo que vendesse os seus potentes computadores, não teria dinheiro para pagar o que lhe iria ser exigido.
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A presidente do dito Conselho referiu que muito havia a fazer nos concursos de professores, nomeadamente uma triagem dos professores, para verificar os que tinham problemas psicológicos, para que não contactassem com os alunos. É evidente que neste âmbito estavam os loucos e os que denunciavam as situações que deveriam ficar escondidas, os malditos, os que difamam a escola, os que não deixam trabalhar, as “ervas daninhas”, que teriam que ser imediatamente banidas daquele local…
Os pais fizeram coro, reforçaram e disseram que se o Dr. Daniel Sampaio fizesse exames àqueles professores, logo concluiria que eles teriam que ser afastados do contacto com os alunos.
O Presidente da Junta disse de sua justiça: na sua instituição nada daquilo acontecia porque ele aniquilara, expulsara os que lhe tinham feito frente!
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Era isso que teria que acontecer ali. O Sr, Director Regional disse que competia à directora abrir processos disciplinares aos professores que continuassem a dizer coisas que não deviam, de outro modo teria que recorrer “à bomba atómica”.
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È evidente que foram citados nomes de professores, de dois, mas que no total não iriam além dos dedos de uma mão. Se se tiver em conta que o Agrupamento tem cerca de cento e cinquenta professores, aqueles outros devem ser de uma grande eficiência, pois conseguiram aquilo que Sócrates pretendeu mas não conseguiu – dominar a comunicação social! Mais, são eles que não deixam os outros trabalhar!
Pergunto: o que andamos a ensinar aos nossos alunos nas aulas de Formação Cívica, de HGP… Eles sabem que no 25 de Abril acabou a censura, a perseguição pela PIDE, a liberdade de expressão tornou-se realidade… Mas será mesmo assim? Então os professores não podem ter os mesmos direitos dos outros cidadãos!
Hoje dizia-me um jornalista: ” já não percebo nada disto, há professores que podem falar, podem identificar-se, outros só falam sob anonimato por causa dos processos disciplinares”. Pedi-lhes para averiguar porque fazer jornalismo é ir à origem das coisas, conhecer as fontes, questionar os direitos e liberdades dos cidadãos.
Pela minha parte reconheço que já não sei nada. Só sei que a IGE reconhece que a lei não foi cumprida nas diferentes situações que averiguou, mas que apenas emitiu recomendações. No caso concreto do Luís, não o poderia ter feito, tratava-se de um inquérito e neste caso só poderia haver arquivamento ou procedimento disciplinar.
Quem viola afinal a lei?
Fiquemos à espera da fogueira porque o Auto de Fé já ocorreu e não tarda que os criminosos tenham que ser queimados.
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Paulo, fica ao seu critério publicar ou não este post. Foi um dos visados e será certamente alvo de muita perseguição. Eles prometeram.
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Mas não se esqueça do que o ano passado aqui foi publicado porque quem prometeu transformar aquela escola “na Casa Pia do Concelho de Sintra” está no poder e já começou: proibiu um professor de entrar na escola, que durante quinze dias foi ameaçado com uma arma num curso CEF. A explicação foi a protecção ao professor. Só que a acusação foi de assédio. Aqui não é preciso procurar saber quem divulgou para a imprensa, a escola em peso sabe do que se está a passar e quem está a escrever este texto estava no encontro do Bloco, enquanto tudo estava a decorrer na escola: a protecção ao professor através da sua expulsão.
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Explique-me como faz para denunciar as situações que diariamente escurecem as nossas escolas, sem ter ainda sido alvo de processo disciplinar, falando abertamente dos problemas…


[ Nota minha: sinceramente, não sei... acho que me limito a demonstrar que o que me move é a transparência, mais nada... mas a sorte um dia acaba. Aliás, ao nível das ameaças já tenho a minha conta... de diferentes quadrantes...]
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Só queria acrescentar mais uma coisa – o Conselho de Escola não reuniu quando o Luís se suicidou e a irmã lhe dirigiu uma carta para reflexão do que estava a acontecer. Não é preciso reunir porque todos confiam nos dotes superiores da directora para dirigir o agrupamento. A nossa democracia é muito especial…
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Uma professora na clandestinidade

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